A moça que não podia engravidar, e conseguiu através da terapia dos florais. O garimpo, as lendas, comunidades hippies, gente que já viu nave espacial com extraterrestres descendo naquelas montanhas. Coisa de cidade pequena? Não sei. Mas aí já dá para sentir um pouco da vibe que você vai encontrar na vila de São Jorge, cidadezinha situada na região da Chapada dos Veadeiros, a 250 quilômetros de Brasília. Fora uma natureza de tirar o fôlego, se é que é preciso mencionar.
São inúmeras cachoeiras de águas cristalinas, prontas para banhos de lavar a alma, alguns com sacrifício merecido, após horas de trilha, outros de fácil acesso, depois de poucos minutos de caminhada. Tem Chapada para todo mundo. Passeios de diversos níveis, nos limites de São Jorge e suas vizinhas Alto Paraíso, Colinas e Cavalcante. Em todos os cenários, a força das águas mistura-se às belezas do cerrado, compondo um visual e tanto.
Visual que os olhos veem no céu, nas noites estreladas, no espelho que a água cristalina das cachoeiras reflete quando o sol se põe. Ou que está oculto, embaixo das ruas de barro de São Jorge, e em todo o território da Chapada, num solo formado por cristais de quartzo e outros metais e minérios, que classificam a área como a mais luminosa do continente vista da órbita da Terra, segundo pesquisadores da Nasa.
Alguns juram que o mundo vai acabar em 2012, mas quem estiver naquelas terras será salvo. Essa, e outras lendas, já são suficientes para atrair curiosos do mundo inteiro, místicos e terapeutas, que trocaram a vida na cidade grande pela tranquilidade da Chapada. Em São Jorge, pousadas e restaurantes dividem espaço com casas de massagem, tarô, Reiki, mapa galáctico e terapia de florais.
Junte esse convite ao relax e ao misticismo com o surgimento de pousadas e restaurantes que se adaptam cada vez mais ao turista exigente, que busca tranquilidade, mas também o conforto de um banho quente na volta do passeio das cachoeiras, um café da manhã de primeira no hotel, comidinhas especiais, e você terá o perfil da São Jorge atual. Com a mesma cara hippie de sempre, mas alguns lugares diferenciados escondidos por aí.
O melhor de tudo: as cachoeiras continuam lindas, limpas e preservadas, graças à criação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros em 1961, por Juscelino Kubitschek, e ao cuidado de um povo que valoriza a natureza do local em que vive.
Não se deixe intimidar pela idade, ou se inebriar pela preguiça. As caminhadas podem ser longas, mas as paisagens no caminho fazem valer a pena.
São diversas trilhas, com diferentes graus de dificuldade. Algumas cachoeiras ficam a quilômetros de distância dos vilarejos, por isso, ir à Chapada de carro é bem melhor. Você fica livre para escolher o passeio que quer fazer, e independentemente do transporte público, que só chega até determinados lugares. Se de carro é bom, de 4X4 é excelente. Só não esqueça de deixar um lugar no carro para o guia local. Sua presença é obrigatória em qualquer passeio.
Vale do Rio do Macaco (Alto Paraíso)
É preciso ter fôlego para encarar as cachoeiras do Vale do Rio Macaco. Não só pela caminhada, mas pelos 50 quilômetros de carro que levam à entrada da trilha. Num sobe e desce íngreme, por vezes é necessário segurar nos troncos das árvores para se equilibrar. A recompensa vem com os banhos de água gelada nas quatro quedas d’água do caminho, e a visão das cachoeiras do vale em diferentes ângulos.
Primeiro de cima para baixo, depois de baixo para cima, ao chegar ao último poço, quando a água do rio Macaco desemboca numa queda de 100 metros de altura. Chegou a hora de descansar, e recuperar o fôlego para a volta. Dar aquele mergulho, depois deitar numa pedra, fechar os olhos, e ouvir o barulho da água cair. A caminhada exige preparo físico.
Encontro das Águas (São Jorge)
Não há como descrever a sensação de mergulhar nas águas esverdeadas do Encontro das Águas, se deixar levar pela correnteza do rio até cansar, agarrar uma pedra, sair da corredeira e enxergar de cima o labirinto de água e pedra formado pelo encontro dos rios Tocantinzinho e São Miguel. Uma das cachoeiras mais lindas da Chapada! Caminhada de nível fácil.
Vale da Lua (São Jorge)
As águas do rio São Miguel esculpem, ano após ano, as pedras do Vale da Lua, deixando à mostra mais uma obra de arte da natureza na Chapada dos Veadeiros. Logo na entrada do vale, uma piscina natural formada pelas rochas nos convida a mergulhar. Reza a lenda que o lugar já foi visitado por extraterrestres. Reserve esse passeio, que não exige esforço, para os dias de descanso.
Almécegas I e II (Alto Paraíso)
A caminhada começa na entrada da fazenda São Bento, em Alto Paraíso. Após percorrer um quilômetro, alcançamos a primeira queda d’àgua da Almécegas. Nela, a água do rio dos Couros esparrama-se por um muro de pedras, formando várias cascatas, que caem 50 metros e desembocam num poço, ideal para mergulho. Caminhe mais 400 metros para encontrar a segunda queda da Almécegas, de 15 metros. Trilha de nível fácil.
Cachoeira Santa Bárbara (Cavalcante)
Após ultrapassar caminhos de pedras e subir por trilhas estreitas, entende-se por que a cachoeira Santa Bárbara é considerada uma das mais lindas do mundo: o azul claro das águas de seu poço tem a mesma cor das águas do Mediterrâneo. Na volta, aproveite para conhecer Cavalcante e suas comunidades quilombolas, onde viviam escravos refugiados na época do garimpo.
Chapada Chic: Luxo e Exclusividade na Pousada Baguá
Se você pretende ir a São Jorge e se hospedar na pousada Baguá, é bom planejar antes. São apenas 4 bangalôs, todos com hidromassagem externa no deck, cama king size, lareira dentro dos quartos, com direito a almofadas para se esparramar. No banheiro duas duchas aquecidas por energia solar, TV com DVD e mp3. Tudo isso distribuído em 82 m2 de área. O café da manhã é servido num lounge com vista para o Parque Nacional.
Veja mais: www.baguapousada.com.br
Dicas Gastronômicas
Bar e Restaurante Buritis: escolha o tipo de massa, selecione acompanhamentos entre os 21 diferentes tipos, e bom apetite! Se estiver em dúvida, é só pedir ajuda ao chef.
Tel: (62) 9299 2996?(62) 3455 1044
Pizzaria Lua de São Jorge: pizzas no forno à lenha, crepes e massas, no centro de São Jorge. Não deixe de conhecer também o espaço Rio da Lua, às Margens do rio São Miguel. Deite-se numa das esteiras espalhadas pelo gramado para bebericar, petiscar e jogar conversa fora, sem fazer absolutamente nada!
www.luadesaojorge.com.br
Texto: Luiza Ferrão
