Não há nada mais romântico do que saborear um bom vinho a dois. Para isso, nada melhor do que ir direto à fonte, ou seja, conhecer os vinhedos e os produtores responsáveis por alguns dos melhores vinhos do mundo.
O clima em Bordeaux é excelente para o desenvolvimento das vinhas. A base geológica de pedra calcária, associada ao curso dos rios Garonne e Dordogne e ao clima litorâneo, fizeram de Bordeaux a segunda maior área de cultivo de uva e produção de vinho do mundo. São quase 300 mil acres de vinhedos que rendem 700 milhões de garrafas anualmente.
Mas, apesar da intensa atividade rural da região, a cidade de Bordeaux também vale uma visita. Erguida numa encruzilhada de antigas rotas de comércio romanas, ela é o “port de la lune” (porto da lua) das crônicas do escritor medieval Froissart.
Sua aparência atual conserva pouca coisa das passagens sucessivas de franceses e ingleses e das guerras religiosas. Sua arquitetura foi marcada por uma reforma total que ocorreu no século XVIII. Em torno da grande Place Quinconces estendem-se as ruas do centro e também a Place de la Bourse e a Place de la Comèdie, onde fica o Grand Théâtre.
Outro local próximo que vale a pena conhecer é Saint-Émilion, uma encantadora cidade medieval declarada patrimônio da humanidade. Lá se produz o famoso vinho tinto de St-Emilion. Um passeio interessante é uma visita a Gironde, região das vinícolas mais famosas do mundo.
Chateau de Mirambeau:
Localizado entre as famosas cidades de Cognac e Bordeaux, foi instalado num extenso terreno na charmosa região vinícola de Mirambeau. O castelo sofreu várias reformas até se tornar um hotel repleto de história e valor arquitetônico, com torres, pináculos e antigas paredes de pedra. Seu interior é luxuoso e ornamentado com mobiliário antigo, que acentua a atmosfera de tradicional sofisticação francesa.
Os quartos e suítes do Chateau de Mirambeau foram decorados individualmente com grande opulência. O hotel também está equipado com pequenos luxos modernos, mas a televisão, por exemplo, fica escondida para não interferir na estética do ambiente. A sala de jantar é igualmente bem decorada e as refeições oferecem o melhor da cozinha francesa e, é claro, vinhos inesquecíveis.
Uma boa ideia para quem se hospedar no Chateau é um passeio à região de Cognac, incluindo uma visita à Chez Cognac Otard, uma destilaria de conhaque instalada num belo castelo do século XV.
Les Sources de Caudalie:
Em meio aos extensos vinhedos da região de Martillac, ergue-se o Les Sources de Caudalie. O hotel oferece uma experiência verdadeiramente inesquecível graças à paisagem, à arquitetura, mas principalmente ao famoso spa Caudalie. Lá são feitos tratamentos relaxantes e revigorantes especializados em vinoterapia.
A técnica combina os poderes dos ricos minerais da spring water, retirada a mais de 540 metros abaixo do solo, com extratos de vinho e uva e polímeros que agem nos radicais livres das células. O processo retarda o envelhecimento e melhora a circulação sanguínea.
No comando da cozinha do Les Sources está o chef Franck Salein, que desenvolveu duas atmosferas diferentes e originais. A primeira é a do restaurante La Grand’Vigne, que é um deleite tanto para os olhos quanto para o paladar. Inspirado no século XVIII, é um lindo terraço com vista para as vinhas. Além do terraço, é possível optar por um romântico jantar à beira da lareira ou ainda um encontro numa sala de jantar privativa.
A outra opção é o La Table Du Lavoir, uma verdadeira casa de fazenda onde, no século XIX, os catadores de uva vinham lavar suas roupas depois da colheita. O incrível salão foi reconstruído pedra por pedra, mas teve suas características originais conservadas. Em ambas as cozinhas só entram produtos frescos de cada estação, que são cuidadosamente preparados de maneira a terem seu sabor original preservado.
Os vinhos:
Importados para a região no século I d.C., o vinho começou a ser produzido em Bordeaux no início de nossa era. Após o casamento de Eleanor de Aquitaine com o rei Henrique II, o clarets tinto e rose foi introduzido na alta sociedade inglesa e passou a ser muito apreciado e valorizado. Este intercâmbio incentivou a busca incansável por qualidade. No século XVIII as técnicas de vinificação evoluíram, o comércio se intensificou e no século seguinte o vinho começou a trazer prosperidade para a região.
As vinhas:
Elas estão localizadas em ambos os lados da Gironda (região onde o Garonne e o Dordogne se encontram) e entre os dois rios. Os tintos mais conhecidos são os de Libourne (Pomerol e Saint-Emilion), Médoc (Pauillac, Margaux, Saint Julien, Saint-Steph) e Graves.
As uvas:
Os tipos de uva mais utilizados em Bourdeaux são principalmente cabernet-sauvignon, cabernet franc e merlot para os tintos. Já os brancos são feitos na sua maioria de sauvignon, sémillon e muscadelle.
Texto: Clara Caldeira