É um típico dia de verão londrino: o céu está cinza, a gente encasacada caminha apressadamente pelas ruas e se mistura aos visitantes um tanto perdidos, que escondem seus rostos atrás de enormes mapas. Nesse mesmo instante, o sol explode em algumas cidades europeias vizinhas, mas ninguém parece se importar com o frio. Os janelões de vidro dos restaurantes próximos à Oxford Street deixam a mostra grupos de pessoas que comem e se divertem, a maioria delas já garantiu ingresso para algum espetáculo da noite.

Dito e feito. Não havia uma cadeira vazia no pequeno teatro de Piccadilly Circus durante a apresentação de 39 Steps, livro de John Buchan que virou peça de teatro e foi adaptado para o cinema por Hitchcock, em 1935. “Tentamos ingresso para ver Chicago antes, mas já estava tudo lotado. Não dá para comprar na última hora, essa cidade transborda de gente em qualquer época do ano!”, comenta a brasileira Luiza Nixon na saída do teatro.

E não é por acaso. Londres pode até sofrer com a ausência de luz nos dias de verão, mas não faltam cores dentro de suas galerias, museus e teatros. É terra dos Beatles, Charles Chaplin, e onde Michael Jackson faria seus shows de despedida. Tudo acontece primeiro lá. E ironicamente, é onde os costumes sobrevivem enraizados em meio a uma avalanche de modismos, que nascem e desaparecem sem serem percebidos.

“Aqui tem espaço para todo mundo, pode vestir o chapéu violeta e ir para as ruas sem medo, você jamais será notado!”, conta Luiza, que morou na Inglaterra por 11 anos e voltou com o marido nas férias para matar as saudades. A cidade recebe perto de 27 milhões de turistas por ano, principalmente entre junho e agosto, quando as temperaturas ficam mais amenas.

“A diferença é que, com o calor, há mais pessoas nas ruas e dá até para arriscar um sorvete na Scoop, em Covent Garden, ou explorar as feiras, como Portobello Road, no romântico bairro de Notting Hill, e a Candem Lock, que mistura artigos punks e pops”, conta Amanda Lemos, que morou em Londres por seis meses para estudar inglês.

O tempo é curto? Comece pelo óbvio, para sentir a atmosfera inglesa.
Assista à Troca da Guarda Real, diariamente às 11h30 em frente ao Palácio de Buckingham, e encare os 727 degraus que levam à cúpula da Catedral de Saint Paul, para ver a panorâmica da cidade. Atravesse a Millennium Bridge e alcance a Tate Modern, o museu que abriga a coleção de arte moderna mais importante da Inglaterra. Seu acervo permanente passeia por obras de Picasso, Warhol, Calder e Dali, entre outros, e não é preciso pagar para conhecê-lo.

Aproveite o fim de tarde com um aperitivo num dos pubs à beira do Tâmisa. No Founders Arms, é possível sentar-se numa das mesas do lado de fora e apreciar a vista da Tower Bridge, Tower of London, e um pouco mais distante está o famoso “pepinão”, prédio comercial desenhado por Norman Foster. Se tiver fôlego, ande pela beira do Tâmisa e finalize com um jantar em Covent Garden, seguido por um drink num dos pubs do bairro, que ficam lotados quando acaba o expediente.

Arte e surpresa
Desde 25 de junho, quem anda de metrô em Londres escuta frases famosas de Sartre, Ghandi e Einstein durante o percurso. O objetivo é lembrar aos passageiros que o trajeto é tão importante quanto a chegada ao local esperado. E, ao pisar fora da estação, já se pode ouvir a música de quem tenta a sorte se apresentando em espaços públicos. Foi assim que um produtor descobriu Amy Winehouse, alguns anos atrás.

Londres está cheia de surpresas, é só desbravar seus cantos e deixar que se revelem diante dos olhos. Ela abriga gente do mundo inteiro, e essa mistura gerou uma atmosfera particular. Para senti-la, passe um domingo explorando a feira de Brick Lane, e termine com uma boa refeição indiana em um dos restaurantes de Banglatown, que já ultrapassou o Fish and Chips há muito tempo.
Agente até se esquece que nessa mesma cidade o chá das 5 é cultuado quase como uma religião, e ainda é possível avistar nas ruas senhorinhas que usam o mesmo corte de cabelo da Rainha Elizabeth, a dona de todos os cisnes que povoam os parques ingleses.

Novidades:

* Pop Life: Art in a Material World, na Tate Modern
Quando: de 1 de outubro de 2009 até 17 de janeiro de 2010
Onde: Tate Modern
A exposição traz obras de Andy Warhol, Tracey Emin, Damien Hirst e Jeff Koons, entre outros, para reviver a Pop Art e explorar a relação entre comércio, arte e fama. Pop Life: Art in a Material World mostra como gerações de artistas desde a década de 1980 promoveram seus trabalhos cultivando personalidades fortes na mídia e criando suas próprias marcas. Imperdível.
Veja mais: www.tate.org.uk/modern

* Exposição do Michael Jackson na The O2 bubble
Quando: de 28 de outubro de 2009 a 31 de janeiro de 2010
Onde: O2 bubble
A morte inesperada do lendário Michael Jackson trouxe para a O2 bubble uma exposição com a cronologia da carreira do artista, que vai desde a Motown até sua carreira solo, e termina com os shows que faria na O2 arena. Arquivos de suas residências também estão disponíveis, para que os curiosos conheçam um pouco mais sobre sua misteriosa vida privada.
Veja mais: www.michaeljacksonexhibition.co.uk

* Feeling Gloomy
Quando: todos os sábados entre 15 de agosto e 19 de dezembro
Onde: O2 Academy Islington 2
A proposta dos DJs fundadores, Leonard e Cliff, é a de uma noite completamente embalada por canções de fossa. Músicas de artistas como Morrissey, The Verve, Glasvegas, Pet Shop Boys e Johnny Cash fazem parte do repertório. No mínimo engraçado!
Veja mais: www.visitlondon.com

* Olimpíadas 2012
Quando: de 27 de julho a 12 de agosto de 2012
Onde: O Estádio Olímpico de Londres e o Centro Aquático estão sendo construídos especialmente para os jogos, que também ocorrerão no Hyde Park e no Estádio de Wembley. A cidade será sede dos Jogos Olímpicos pela terceira vez, de 29 de agosto a 9 de setembro, que terão início logo que eles terminarem os Jogos Paraolímpicos.
Veja mais: www.london2012.com

Por Luiza Ferrão